Fundaçoes e Contenções
As técnicas de perfuração não destrutivas e como contratá-las
Conheça as técnicas para realizar intervenções em redes subterrâneas sem a necessidade de abrir valas
Por Juliana Nakamura
Edição 27 - Maio/2013
Sonda de perfuração direcional empregada na etapa de furo piloto para instalação de rede em Maricá (RJ) |
A utilização de métodos não destrutivos para manutenção e instalação de redes de água, luz, telefonia e esgoto é uma tecnologia em franca ascensão no Brasil. Na última década, novos equipamentos desembarcaram no País e, embora sejam uma solução inicialmente mais cara, os métodos não destrutivos têm despertado o interesse de administradores públicos, concessionárias e empresas de telecomunicações.
O principal motivo é o menor transtorno provocado no subsolo e no entorno urbano em comparação à abertura de valas a céu aberto. Tal vantagem pode se refletir em menor custo global. Vale lembrar que, no método tradicional de abertura de trincheiras, muito tempo e esforço são dedicados à abertura de vala, ao rebaixamento do nível d' água, à compactação e à recomposição do pavimento. Há casos em que só essas atividades chegam a representar 70% do custo total do projeto.
Empregada para instalação, substituição e reparos em redes subterrâneas, a perfuração não destrutiva traz uma série de vantagens associadas ao fato de provocar menor impacto ambiental, explica João Alberto Nepomuceno, instrutor do Instituto Opus da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), que oferece curso para treinamento e qualificação de operadores de equipamentos de perfuração direcional. Ele cita, por exemplo, o menor tempo de execução e a redução do índice de acidentes, também em comparação à abertura de valas a céu aberto.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Tecnologia Não Destrutiva (Abratt), Paulo Dequech, os Métodos Não Destrutivos (MNDs) são aplicados no País há pelo menos 20 anos, como nas obras do metrô por exemplo. Um impulso importante para o desenvolvimento desse tipo de tecnologia foi a promulgação de leis municipais como as de São Paulo e Belo Horizonte, que direcionam o MND como um método preferencial para a execução de obras em redes subterrâneas na cidade. "Atualmente, mesmo em áreas rurais, técnicas de métodos não destrutivos, como a perfuração direcional (HDD), vêm sendo utilizadas para transposição de obstáculos naturais como rios, lagos, estradas, montanhas, rodovias e etc.", conta Carlos Fugazzola Pimenta, diretor comercial da Intech Engenharia.
Perfuradora de microtúnel utilizada na execução do coletor-tronco Jurecê, em São Paulo, evitou transtorno viário em área de grande fluxo de veículos e pessoas em 2,4 km do bairro de Moema |
Perfuração não destrutiva guiada a laser |
Como contratar?
O edital que envolve a contratação de serviços de perfuração não destrutiva deve garantir que somente empresas qualificadas participem da concorrência. A comprovação de aptidão pode se dar mediante apresentação de atestados de capacidade técnica, fornecidos por pessoa jurídica, comprobatórios de desempenho satisfatório em contratações com objeto similar ao da licitação.
O edital que envolve a contratação de serviços de perfuração não destrutiva deve garantir que somente empresas qualificadas participem da concorrência. A comprovação de aptidão pode se dar mediante apresentação de atestados de capacidade técnica, fornecidos por pessoa jurídica, comprobatórios de desempenho satisfatório em contratações com objeto similar ao da licitação.
É recomendável planejar, com tempo, a contratação, dado que a fila pela locação e a compra de muitos dos equipamentos utilizados - e, em geral, importados - é longa, sobretudo no caso de perfuratrizes com diâmetro acima de 1,50 m.
Um aspecto crítico, que muitas vezes põe em conflito contratantes e contratados, diz respeito à falta prévia de cadastro das utilidades do subsolo das grandes cidades. "O ideal é que a empresa contratante já detenha os cadastros e as licenças prévias necessárias dos órgãos municipais e ambientais antes da contratação", recomenda Pimenta. Ele conta que a confiabilidade desses cadastros é fundamental para evitar acidentes.
Contudo, na prática, muitas vezes as empresas têm dificuldades de dar continuidade às obras de instalação de infraestrutura por perfuração direcional, justamente pela falta de disponibilização desses cadastros e licenças. "Nesse ponto, vale à pena termos redundância. Por isso, mesmo com o cadastro em mãos, fazemos o mapeamento para uma conferência, in loco, das redes que ocupam aquele subsolo", comenta Pimenta.
Assim como o mapeamento da área, para o sucesso da empreitada é importante que o contrato seja o mais completo e detalhado possível, abrangendo todas as fases do serviço. As responsabilidades, seja da contratada, seja do contratante, precisam estar bem claras e especificadas.
A etapa de execução precisa estar respaldada em projetos e estudos consistentes, como plano de furo, plano de trabalho noturno ou diurno, definição de acesso para veículos de transporte de água e plano de remoção do material cortado e da lama usada na perfuração. Aliás, é interessante que o edital reforce a necessidade de que todo material escavado deva ser acondicionado, analisado e destinado de forma adequada.
Fiscalização
A perfuração não destrutiva exige que uma série de itens seja verificada pela fiscalização antes, durante e após a execução da obra. Entre eles, destacam-se os planos de furo, os equipamentos que serão utilizados e a capacitação da mão de obra. Entre os problemas técnicos que podem ocorrer, os mais comuns são o calço hidráulico (bloqueio total da coluna que está sendo puxada), o alongamento do produto final e o direcionamento equivocado.
A perfuração não destrutiva exige que uma série de itens seja verificada pela fiscalização antes, durante e após a execução da obra. Entre eles, destacam-se os planos de furo, os equipamentos que serão utilizados e a capacitação da mão de obra. Entre os problemas técnicos que podem ocorrer, os mais comuns são o calço hidráulico (bloqueio total da coluna que está sendo puxada), o alongamento do produto final e o direcionamento equivocado.
João Alberto Nepomuceno, do Instituto Opus, lembra que a manutenção dos equipamentos de perfuração é de responsabilidade da contratada. "Contudo, a fiscalização tem por obrigação observar se isso está sendo executado dentro dos padrões normais para evitar paradas desnecessárias, com comprometimento do cronograma da obra e consequente prejuízo para ambas as partes", ressalta.
É fundamental que o profissional encarregado da fiscalização tenha conhecimento para analisar documentos e relatórios, como mapeamento das interferências subterrâneas, plano de furo, traçado do furo etc. Segundo Carlos Pimenta, é importante que a fiscalização se atenha à execução do serviço (se o contrato está sendo cumprido em termos de prazo e qualidade). "Dizer como deve ser feito o serviço é função da empresa contratada, que precisa ter essa expertise", conclui.
As técnicas de perfuração não destrutivas e como contratá-las
Conheça as técnicas para realizar intervenções em redes subterrâneas sem a necessidade de abrir valas
Por Juliana Nakamura
Edição 27 - Maio/2013
Para construção de redes novas:
Perfuração Horizontal Direcional (HDD)
Usada para a instalação de novas redes, dutos e cabos, essa técnica permite que o traçado da perfuração possa ser reto ou ligeiramente curvo. A direção da perfuração também pode ser ajustada em qualquer etapa do serviço para contornar obstáculos, passar sob rodovias, rios ou ferrovias. Até pouco tempo atrás, a perfuração direcional era usada principalmente para a instalação de redes pressurizadas e dutos para cabos. Mas algumas das máquinas de perfuração e alguns dos sistemas de guia mais recentes já oferecem uma precisão necessária para a execução de redes por gravidade quando há condições adequadas de solo.
Perfuração Horizontal Direcional (HDD)
Usada para a instalação de novas redes, dutos e cabos, essa técnica permite que o traçado da perfuração possa ser reto ou ligeiramente curvo. A direção da perfuração também pode ser ajustada em qualquer etapa do serviço para contornar obstáculos, passar sob rodovias, rios ou ferrovias. Até pouco tempo atrás, a perfuração direcional era usada principalmente para a instalação de redes pressurizadas e dutos para cabos. Mas algumas das máquinas de perfuração e alguns dos sistemas de guia mais recentes já oferecem uma precisão necessária para a execução de redes por gravidade quando há condições adequadas de solo.
Perfuração por percussão e cravação
A perfuração por percussão (earth piercing) é um dos métodos não destrutivos mais difundidos, especialmente para instalação de redes de pequeno diâmetro em distâncias curtas. Pode ser definida como a criação de um furo pelo uso de uma ferramenta que compreende um martelo de percussão, geralmente com a forma de torpedo, colocado dentro de uma carcaça cilíndrica. Durante o funcionamento, o solo é comprimido, e não removido. Trata-se de um sistema sem controle direcional.
A perfuração por percussão (earth piercing) é um dos métodos não destrutivos mais difundidos, especialmente para instalação de redes de pequeno diâmetro em distâncias curtas. Pode ser definida como a criação de um furo pelo uso de uma ferramenta que compreende um martelo de percussão, geralmente com a forma de torpedo, colocado dentro de uma carcaça cilíndrica. Durante o funcionamento, o solo é comprimido, e não removido. Trata-se de um sistema sem controle direcional.
A cravação de tubos (pipe ramming) prevê a formação de um furo por meio do avanço de um tubo de aço, normalmente com a extremidade aberta, usando um martelo de percussão instalado no poço de entrada. O solo escavado poderá ser removido por transportador de rosca, jateamento (com água) ou ar comprimido. Também sem controle direcional, a cravação é um método comum de instalação de tubos de aço em linha reta, e é usado com frequência em aterros de rodovias e ferrovias.
Cravação de tubos e microtúneis
A tecnologia de cravação pode ser definida como um sistema de instalação direta de tubos posicionados atrás de uma máquina de escavação. Os tubos são empurrados por um sistema de pistões hidráulicos situados no poço de entrada, de modo a formar uma linha contínua sob o solo. Já as técnicas de microtúneis são definidas como sendo a escavação por uma máquina direcionável com controle remoto, para lançamento de tubos de pequeno diâmetro por pistões hidráulicos, sem possibilidade de acesso humano. Tanto a cravação de tubos, quanto a execução de microtúneis são adequadas em situações em que a rede tem de atender a critérios rígidos de alinhamento e nível. Uma das aplicações mais comuns é em redes de esgoto por gravidade, onde não apenas o alinhamento e a declividade são críticos, mas a profundidade é tal que ambas as técnicas tendem a apresentar vantagens econômicas em relação à instalação com vala a céu aberto.
A tecnologia de cravação pode ser definida como um sistema de instalação direta de tubos posicionados atrás de uma máquina de escavação. Os tubos são empurrados por um sistema de pistões hidráulicos situados no poço de entrada, de modo a formar uma linha contínua sob o solo. Já as técnicas de microtúneis são definidas como sendo a escavação por uma máquina direcionável com controle remoto, para lançamento de tubos de pequeno diâmetro por pistões hidráulicos, sem possibilidade de acesso humano. Tanto a cravação de tubos, quanto a execução de microtúneis são adequadas em situações em que a rede tem de atender a critérios rígidos de alinhamento e nível. Uma das aplicações mais comuns é em redes de esgoto por gravidade, onde não apenas o alinhamento e a declividade são críticos, mas a profundidade é tal que ambas as técnicas tendem a apresentar vantagens econômicas em relação à instalação com vala a céu aberto.
fonte;
http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/27/artigo288517-1.aspx